A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, realçou, ontem, a importância da ligação da albufeira do Monte da Rocha, em Ourique (Beja), ao Alqueva para reforçar a resiliência do Alentejo às alterações climáticas.
“Esta ligação entre sistemas, mesmo muito longínquos, é absolutamente determinante para termos os nossos territórios mais resilientes” e “mais bem adaptados” às alterações climáticas, disse.
Ao intervir na cerimónia de consignação da obra que vai permitir ligar a albufeira do Monte da Rocha ao sistema do Alqueva, realizada hoje junto desta barragem, em Portel (Évora), a ministra sublinhou a importância destes projetos de fins múltiplos para fixar pessoas, gerar riqueza e impedir “problemas ambientais que decorrem de um abandono”.
“Os investimentos que todos somos convocados a fazer têm que ser de fins múltiplos” porque é necessária esta “perspetiva integradora das necessidades dos territórios”, frisou.
Maria do Céu Antunes lembrou que a empreitada de ligação do Monte da Rocha a Alqueva tem a dimensão da agricultura, mas também do abastecimento de água às populações de diversos concelhos de Beja: “Estamos a falar de uma resiliência maior que acrescenta dois anos para o abastecimento humano para 18 mil habitantes”.
As obras de construção do circuito hidráulico de Monte da Rocha, em Ourique, e do novo bloco de rega de Messejana, no concelho de Aljustrel, cujo contrato foi hoje assinado com a empresa que a vai executar, envolvem um investimento de 28,5 milhões de euros, devendo ficar prontas “até final de 2025”, segundo indicou a ministra.
“Vai dar mais 20 metros cúbicos/ano de água” e “são 3.700 hectares [de regadio] que vão ser reforçados”, afirmou, assinalando ainda que o bloco de rega de Messejana vai “beneficiar 2.300 hectares, em Aljustrel e Ourique”.
O aproveitamento hidroagrícola do Alto Sado, que se baseia nas barragens de Monte da Rocha e de Campilhas, assim como os concelhos de Castro Verde, Almodôvar, Ourique e parte dos de Odemira e Mértola, “vão usufruir disto mesmo”, notou Maria do Céu Antunes.
“Só com este investimento vamos ter um volume de negócios anual na casa dos 24 milhões de euros” e beneficiar de “uma fatia muito significativa de impostos que fica neste território”, afiançou.
Na sua intervenção na sessão, o presidente da Associação de Regantes e Beneficiários de Campilhas, Rui Batista, realçou que “as últimas quatro campanhas [de rega] foram desastrosas” para os agricultores daquela zona alentejana, por causa da seca e da falta de água nas barragens locais.
“Somos uma associação [com] duas das três piores barragens do país e sentimos na pele, todos os dias, o que significa não ter água”, pelo que a ligação do Monte da Rocha ao Alqueva vai “permitir ter alguma esperança para o futuro”, argumentou.
O presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), José Pedro Salema, revelou que a barragem do Alqueva está hoje a 72% da sua capacidade de armazenamento e com “uma situação de tranquilidade”, com água suficiente para “assegurar as próximas duas campanhas” de rega.
Mas a água do Alqueva “não estica infinitamente”, pelo que esta empreitada referente ao Monte da Rocha, cujo sistema deverá começar a funcionar “no verão de 2026”, após todos os ensaios, “será porventura uma das últimas ligações” a implementar a partir da ‘albufeira mãe’.
Rádio Pax/ Lusa