O Presidente da Direção da Cáritas Diocesana de Beja, Isaurindo Oliveira, anunciou, numa reunião com a CIMBAL- Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo, o encerramento, em breve, do Centro de Acolhimento de Emergência Social (CAES), instalado na antiga Casa do Estudante.
De acordo com a CIMBAL, o mesmo responsável apontou como causas do fecho “o subfinanciamento para o seu funcionamento”, assim como a “complexa tipologia e disparidade de utentes rececionados”.
A CIMBAL revela que “considerando o apoio financeiro que dez municípios do Baixo Alentejo haviam concedido, com o objetivo de apoiar a execução do projeto de reabilitação do edifício, com apoio do PRR, onde funciona o CAES e a não concretização do projeto, ficou acordada a devolução da verba”.
Da parte dos municípios presentes foi manifestado “o desapontamento e a insatisfação respeitante ao encerramento desta resposta, deixando o Baixo Alentejo ‘a descoberto’ no que respeita ao acolhimento de emergência social”.
Nesta reunião foi confirmada a notícia avançada em exclusivo pela Rádio Pax, a 28 de agosto, a dar conta do fecho do CAES de Beja.
Fonte ligada à instituição revelou à Rádio Pax que “o CAES transformou-se num depósito de pessoas. Uma resposta social sem critérios definidos, e os que existem não são cumpridos. O prazo das 72 horas de permanência nunca foi respeitado: os utentes ficam uma, duas, três semanas…”.
A mesma adiantou que no espaço são colocadas crianças ao lado de adultos com problemas de dependência, idosos com mobilidade reduzida junto a pessoas com doenças mentais graves.
“Com a equipa que temos, é impossível dar resposta a estas situações”, lamentou a mesma fonte. A Rádio Pax sabe que, como há poucos funcionários, os que estão em serviço precisam fazer horas extras e cumprir turnos que nem mesmo a Autoridade para as Condições do Trabalho autoriza.
Outro problema identificado foi o atraso da Segurança Social nos pagamentos. Durante quatro meses, o CAES não recebeu qualquer verba, acumulando-se uma dívida próxima dos 100 mil euros. Mais tarde, foi remetido um protocolo de 2022, totalmente desajustado da realidade atual e sem qualquer atualização dos valores pagos pela Segurança Social. Esta situação motivou sucessivos alertas sobre a necessidade de rever o acordo e reforçar a equipa.
Sem resposta a estes e outros problemas, a instituição concluiu que não tinha alternativa senão encerrar.
“Tentámos todos os esforços para que isto não acontecesse, mas ninguém ligou absolutamente nada”, sublinhou a mesma fonte.
O ambiente no CAES é descrito como de esgotamento. Segundo a mesma fonte, toda a equipa está à beira da exaustão e até a PSP, chamada quase diariamente para intervir em conflitos, afirma que os problemas dizem respeito à instituição e não à comunidade.
“Muitos olham para o CAES como uma estrutura para marginais, só que, para esses marginais há dinheiro. Para estas pessoas, não”, lamentou.