O PSD de Beja manifestou a sua preocupação com a possível saída dos únicos médicos de saúde pública que a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) tem, em virtude dos mais recentes pedidos de mobilidade para outra região. A distrital laranja entende que a transferência destes profissionais deverá ser adiada, face à situação pandémica.
Gonçalo Valente, presidente da distrital de Beja do PSD refere que tem conhecimento que “este pedido já existe há algum tempo” e fala em “alguma passividade por parte do Conselho de Administração da ULSBA por voltar a ter que ir atrás do prejuízo, reagindo e não agindo”. Os social-democratas consideram que não foram acautelados os interesses dos baixo-alentejanos.
Segundo a mesma fonte, “num período de grande apreensão, extrema necessidade e incerteza”, devido à covid-19, “é imperativo garantir” o serviço de saúde pública no Baixo Alentejo, “nem que para isso tenhamos que nos socorrer dos mecanismos que o estado de emergência prevê, chamando para aqui o interesse nacional”.
“Não é nosso propósito impor vontades ou limitar liberdades”, diz o PSD de Beja, contudo consideram ser “adequado e responsável, face à situação excecional que atravessamos, adiar, até que a situação o permita, a transferência destes profissionais”.
“A região não se pode dar ao luxo de ver esvaziados por completo os cuidados de saúde pública, quando o grande desafio do momento é mesmo a questão sanitária”, afirma o PSD, apelando “ao bom senso” dos profissionais em causa e da tutela para “uma resolução que vá ao encontro do que é o bem maior, o interesse nacional”. As declarações são de Gonçalo Valente.
Recorde-se que, esta semana, Conceição Margalha, presidente do Conselho de Administração da ULSBA disse que aquela entidade, que integra o Hospital de Beja e os centros de saúde de 13 dos 14 concelhos do distrito de Beja, corre o risco de ficar sem médicos de saúde pública se não for possível substituir os atuais que estão de saída.
A Unidade de Saúde Pública da ULSBA tem, atualmente, três médicos, nomeadamente, dois especialistas em saúde pública e uma interna em formação na especialidade.
Os dois médicos especialistas candidataram-se a um concurso de mobilidade e ficaram colocados na Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, para onde vão ser transferidos.
Se os dois especialistas não forem substituídos, a terceira médica interna não poderá continuar na ULSBA sem tutor e terá de sair para continuar a formação na especialidade noutra unidade de saúde.
Dado tratar-se de uma transferência ao abrigo de um concurso que “não pode ser impedido”, a ULSBA, “perante a atual situação de pandemia, está a desenvolver esforços para a colocação dos dois médicos especialistas na ARS de Lisboa e Vale do Tejo não se efetivar de imediato e ser prolongada até haver uma solução”.
A ULSBA “não pode contratar diretamente médicos de saúde pública” para substituir os atuais e terá de esperar pelo concurso nacional que o Ministério da Saúde irá lançar no final deste ano para contratar e colocar médicos recém-especialistas em unidades do Serviço Nacional de Saúde, revelou Conceição Margalha.
Se os clínicos saírem sem serem substituídos, a ULSBA “ficará sem médicos de saúde pública, mas não sem conseguir dar resposta à pandemia”, porque “tem outros cinco médicos de família que desempenham funções de autoridade de saúde e têm colaborado no processo” de gestão da covid-19, esclareceu a mesma fonte.
Estes cinco médicos trabalham nos centros de saúde e “não podem estar a tempo inteiro na Unidade de Saúde Pública” da ULSBA e, por isso, a saída dos três clínicos sem a necessária substituição poderá trazer “algumas consequências e dificuldades” à gestão da pandemia, admitiu Conceição Margalha.
Rádio Pax/ LUSA