Passaram-se quase dois meses desde o arranque da campanha para as eleições legislativas e, em Beja, o cenário continua o mesmo: cartazes desbotados, lonas rasgadas e propaganda política a ocupar rotundas, muros e postes da cidade e das freguesias. As eleições realizaram-se a 18 de maio, mas parece que alguns partidos esqueceram-se que o dever cívico não termina no dia da votação.
Afinal, onde está o civismo dos partidos políticos? São os primeiros a pedir o voto, a prometer responsabilidade e compromisso com o espaço público, mas, no momento de limpar os vestígios da sua própria campanha, viram as costas à cidade. Esta falta de cuidado com a paisagem urbana transmite uma imagem de desleixo, desinteresse e falta de respeito por quem aqui vive.
A propaganda eleitoral é legal, faz parte da democracia e deve ter o seu espaço. Mas também deve ter um prazo de validade. A permanência dos materiais de campanha muito depois do fim do processo eleitoral é mais do que poluição visual: é um sintoma de desrespeito pela comunidade.
A Câmara Municipal de Beja já deveria ter tomado medidas concretas no que diz respeito à remoção dos painéis e cartazes de propaganda política espalhados pelo interior da cidade.
Em Lisboa, a autarquia fixou um prazo claro para que todos os partidos procedessem à remoção dos seus materiais de campanha, sob pena de a própria Câmara proceder à remoção coerciva, imputando os custos aos partidos incumpridores. Uma medida justa, equilibrada e, sobretudo, eficaz na preservação da imagem urbana e no respeito pelas regras de utilização do espaço público.
Não se trata de uma questão política, mas sim de civismo e responsabilidade partilhada. Se aos cidadãos são exigidas regras e respeito pelos bens comuns, as forças partidárias devem ser as primeiras a dar o exemplo, honrando os princípios que defendem em campanha.
É altura de exigir que essas forças partidárias cumpram com o seu dever até ao fim, e que devolvam à cidade o espaço que é de todos nós. Porque o civismo não se pratica só em discursos: demonstra-se em gestos simples, como limpar o que se deixou para trás.