O calor atípico que se faz sentir neste mês de outubro está a comprometer o início da campanha da azeitona no Alentejo e a afetar a qualidade do fruto. As temperaturas acima dos 30 graus têm atrasado a maturação das oliveiras e podem provocar uma redução na produção de azeite até 10%, segundo os produtores.
Na Herdade da Figueirinha, em Beja, a colheita já deveria ter começado, mas as condições meteorológicas obrigaram a adiar o arranque da campanha. O gestor e proprietário, Filipe Cameirinha, explica que “enquanto não arrefecer, não começo com a campanha”. O produtor confirma ainda que, face ao calor persistente, “vai haver uma redução na produção de azeite em relação ao ano passado”.
Uma das soluções equacionadas seria realizar a apanha da azeitona à noite, quando as temperaturas são mais baixas. No entanto, associações ambientalistas alertam que essa prática poderia matar muitas aves, que costumam pernoitar nas oliveiras.
A oliveira é uma cultura que depende de temperaturas inferiores a 27 graus para garantir uma maturação equilibrada. O excesso de calor provoca desidratação dos frutos, diminui o teor de azeite e aumenta os custos de produção, devido à necessidade de ajustar horários e processos de colheita.
Os produtores alentejanos mostram-se preocupados com a persistência do calor, que poderá comprometer a qualidade e o rendimento do azeite regional, num setor considerado fundamental para a economia agrícola do Alentejo.