Quando iniciava o seu discurso, neste evento para o qual tinha sido convidado, não conseguiu proferi-lo, pois foi antidemocraticamente boicotado com cartazes que de repente surgiram do nada, mas claramente preparado, assim como bombardeado por palavras de ordem, por um grupo de congressistas de pé, muito pouco próprio do momento e daquele local. Pudemos observar claramente na TV e com destaque, o atual presidente do agrupamento de freguesias S. João Baptista / Santiago Maior do concelho de Beja, Miguel Ramalho, numa elevada agressividade verbal contra o ministro do Governo PSD/PP, evitando que proferisse a sua intervenção.
Estava do seu direito? Bem, podia estar, mas mesmo em democracia nem tudo é permitido, pois manifestando-se como se manifestaram evitando que Poiares Maduro pudesse intervir, condicionaram a liberdade do Ministro, ainda por cima, quando este tinha sido convidado pela organização, à qual os contestatários pertencem, para ai estar. Foi no mínimo deselegante, mas com uma leitura politica que deve ser pensada.
Parte 2
No concelho de Beja, fruto de uma reforma autárquica mal pensada e feita apressadamente, as juntas de freguesia historicamente separadas de S. João Baptista (PSD) e Santiago Maior (CDU) foram agrupadas. Agora, no conjunto das duas Juntas, os eleitores democraticamente votaram maioritariamente CDU. Após negociações, resultou um acordo CDU / PSD para a composição dos Órgãos do Executivo e da Assembleia de Freguesia. Podia perfeitamente não ter sido feito esse acordo? Como também podia ter sido feito. Ou outro. Foi uma de opção politica e certamente existirá alguém que saberá explicar as razões e estratégia para o PSD.
Parte 3
O PSD de Beja, como é público, fez um acordo com a CDU de Miguel Ramalho, dando-lhe condições de governabilidade, para o agrupamento de freguesias atrás citado. Na minha opinião, a arquitetura da opção final, resultou de uma negociação mal conduzida, pois no mínimo em nada corresponde ao princípio da representabilidade dos eleitores. Mas nem é isso que eu aqui estou a refletir.
Esse mesmo Miguel Ramalho ainda há pouco mais de uma semana, clamou vigorosamente e até numa postura anti democrática, contra o ministro do Governo PSD/PP, Poiares Maduro. Julgando estar no seu espaço de liberdade, pisou claramente o risco da solidariedade com o seu parceiro de governo de freguesia.
Deixar passar isto em branco, é o princípio da implosão do que resta do PSD / Beja e mergulhar numa noite longa e escura de inutilidade autárquica.
Colocar esta questão em cima da mesa e questionar quem de direito, é relançar a afirmação social-democrata na região.
Isto é, o PSD acabou por ficar numa encruzilhada mais cedo do que se previa:
Ou volta a trilhar caminhos do passado e pode aspirar daqui a 4 anos à reconquista do seu eleitorado, ou alheia-se desta questão politica, e ao mesmo tempo abandona de vez o seu espaço autárquico.
João Paulo Ramôa