A Federação Nacional de Regantes de Portugal (Fenareg) propôs, esta semana, a criação de um projeto-piloto de comunidades de energia solar para reduzir as emissões de carbono e os custos da energia na distribuição da água à agricultura.
A Associação de Beneficiários do Roxo – ABROXO, associação de regantes que instalou uma central de produção fotoelétrica, aponta “resultados encorajadores do investimento realizado”.
Em comunicado, a federação refere que a proposta “surge na sequência do anúncio pela ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, de que pretende implementar comunidades de energia solar no setor agrícola, referindo o papel importantíssimo dos sistemas coletivos de regadio nestas estruturas”.
As comunidades de energia solar, adianta a Fenareg, “são constituídas por um conjunto de consumidores que, através de uma instalação partilhada, produzem parte ou a totalidade da energia elétrica que consomem, através de recursos renováveis, reduzindo os custos com a eletricidade”.
No modelo proposto pela Fenareg, “as associações de regantes funcionarão como polo produtor e distribuidor de energia limpa para os agricultores e a comunidade local (agroindústria, autarquias, entre outros), esta sobretudo no período de Inverno, quando as necessidades energéticas do regadio são reduzidas”, lê-se no comunicado.
A federação apela ao Governo para que a medida de instalação de painéis fotovoltaicos – Next Generation abranja os regadios coletivos e as associações de regantes, “através de um anúncio dedicado na operação 3.4.2 do PDR2020”.
De acordo com a Fenareg, “este apoio é fundamental para a implementação das comunidades de energia solar no regadio coletivo, beneficiando os agricultores e o meio ambiente”.
O presidente da Fenareg, José Núncio, refere, no comunicado, que é abastecida água a 40% da área de regadio em Portugal, ou seja, 24.000 hectares.
“E suportamos custos elevadíssimos com a energia – 390 GWh/ano –, que chega a ter um peso de 75% do custo do serviço de abastecimento de água. É por isso de elementar justiça que as associações de regantes sejam incluídas nos apoios à instalação de energias limpas, podendo desta forma cumprir o seu papel no esforço coletivo para atingir a neutralidade carbónica na UE até 2050”, salienta, citado em comunicado.
“A sustentabilidade energética do regadio é prioritária para as associações de regantes”, refere a federação, que aponta que “um levantamento” efetuado pela entidade “estima em 2,5 milhões de euros (18 unidades, 2,3 GWp de potência de produção) as intenções de investimento das suas associadas em produção fotoelétrica”.
A Associação de Beneficiários do Roxo – ABROXO, associação de regantes que instalou uma central de produção fotoelétrica, aponta “resultados encorajadores do investimento realizado”.
António Parreira, presidente da ABROXO, revela que, em 2020, a associação conseguiu produxir 15% da energia que consome a partir de fontes renováveis, o que representou uma poupança de 55 mil euros, na fatura anual da eletricidade.
A central fotoelétrica abastece a estação elevatória de Montes Velhos, em Aljustrel.
Rádio Pax/ Lusa