Jorge Bancaleiro, de 36 anos, natural de Castelo de Vide, mas a trabalhar e a residir em Pias, faleceu à espera para fazer o teste à Covid-19.
O caso remete para o mês passado, quando Jorge se dirigiu ao Centro de Saúde de Beja com azia e “uma forte dor no peito”
Segundo avança o Jornal Correio da Manhã, Jorge “ainda foi atendido por uma médica, mas como só podia ser diagnosticado e tratado depois de fazer o teste de despiste à Covid-19, deram-lhe uma injeção para as dores e mandaram-no para casa”.
O caso passou-se na segunda-feira dia 26 de Abril. Jorge Bancaleiro “viria a falecer poucas horas depois, segundo a família, vítima de ataque cardíaco”. “Mandaram-no ir no dia seguinte e, no dia seguinte ligaram para ir fazer o teste [para o novo Coronavirus], mas ele já tinha falecido”, relata ao CM, José Bancaleiro, irmão.
Casado e com dois filhos menores, Jorge trabalhava como tratorista numa exploração agrícola. “Tinha arranjado o trabalho há pouco tempo. Agora que estavam ele e a mulher a trabalhar tinha a vida orientada, tinha de acontecer isto”, lamenta o irmão.
A família diz tratar-se de negligência da médica. “Segundo o que Jorge terá contado à mulher o pouco tempo que esteve no consultório, a medica esteve sempre ao telemóvel e a dar os parabéns a alguém”, conta o irmão.
Outra situação que transtorna e incomoda os familiares é o facto de não ter sido realizada autopsia ao corpo. “Queríamos que fosse feita a autopsia. Tudo indica que foi ataque cardíaco, mas queríamos ter a certeza”.
José Bancaleiro afirmou ao jornal diário que “a família não foi consultada para essa decisão”. Apesar da revolta sentida, os familiares não vão apresentar queixa junto da administração da ULSBA- Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo. “Não iria dar em nada, o resultado é sempre o mesmo. Já basta a dor que estamos a passar, temos também de proteger a minha mãe que está a passar momento complicados” (…) ele não merecia que lhe tivesse acontecido isso”, explica José Bancaleiro.
O facto de não ser possível realizar as cerimónias fúnebres que desejavam “e que o Jorge merecia”, foi um aspeto que fragilizou ainda mais a família.
O irmão da vítima diz que gostava de conhecer a medica que atendeu Jorge. Não para ser indelicado ou fazer algo que não devo, apenas para perguntar porque tratou assim o meu irmão”.
“Como não foi formalizada uma queixa, o conselho de administração da ULSBA só teve conhecimento do caso quando foi contatado pelo correio da manhã.
A administração a que pertence o centro de saúde garantiu que iria averiguar a situação, e caso se justifique será aberto um inquérito interno”, conclui o CM.