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Manuel Pato, o padre de Odemira

"É gratificante trabalhar em Odemira, com esta gente simples, acolhedora e sempre disponível", confessa o sacerdote.
Manuel Pato, o padre de Odemira

Apesar de ser o maior concelho do país, o segundo com mais habitantes no distrito, o mais afastado da diocese e com povoações bastante dispersas, “ser padre em Odemira é o mesmo de ser padre noutras paróquias da diocese” refere o Padre Manuel Pato com um sorriso no rosto. Este sacerdote, de 36 anos – dos mais novos da diocese de Beja – natural de Moura, diz que o concelho de Odemira tem uma população muito “flutuante”, ou seja, por um lado uma população bastante nova, que vem de fora e que demora a integrar-se, em termos religiosos e sociais, na vida do concelho. Por outro lado uma população bastante idosa, muitos deles sem um sentido de vida. “Nessa perda de sentido de vida, muitos recorrem ao suicídio”, desabafa o clérigo. No concelho com maior número de suicídios a nível nacional, comparativamente com o ano passado, não houve grandes alterações, no entanto, o número continua bastante elevado. O padre Manuel Pato já foi confrontado com esta realidade e algumas das vezes conseguiu mudar o “pensamento dessas pessoas, fazendo-lhes ver que existem outras saídas mas, é muito doloroso quando não o conseguimos”, confessa o sacerdote.

As diferenças não são muitas entre as paróquias do concelho de Odemira e outras, noutros concelhos do país. “As dificuldades são praticamente as mesmas: o afastamento, olhar para a igreja como instituição antiga, os valores que a igreja defende por vezes entram em choque com o pensamento da actualidade, mas, mesmo assim, temos bastantes jovens a frequentar a igreja. Jovens que nos procuram, que nos acompanham e que nós também acompanhamos”. A dificuldade maior, segundo o padre Manuel Pato, é fazer com que esses jovens mantenham um ritmo constante de presença na igreja. Contudo, o concelho de Odemira tem muitos casais novos, “entre os vinte e poucos e os trinta e poucos”, a participarem de forma activa na vida da igreja.

Vestido de forma simples e informal, mãos nos bolsos, com barba de cinco dias, a diferencia-lo apenas do cidadão comum o colarinho eclesiástico que leva na camisa azul clara, o padre Manuel Pato manifesta de forma convicta o seu agrado em ter sido “destacado” para este concelho da diocese de Beja. “É gratificante trabalhar em Odemira, com esta gente simples, acolhedora e sempre disponível”, confessa o sacerdote, com o mesmo sorriso com que começamos esta pequena conversa.

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