O Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) nos concelhos de Moura e Ourique deveria estar plenamente operacional desde o dia 1 de junho. Contudo, a ausência dos dois helicópteros de ataque inicial previstos para os Centros de Meios Aéreos destas localidades continua a gerar forte apreensão entre bombeiros, autarcas e populações, numa altura em que as temperaturas elevadas aumentam significativamente o risco de incêndios no Baixo Alentejo.
A falta destes meios aéreos, considerados fundamentais para uma resposta rápida e eficaz aos fogos florestais, representa uma falha grave na operacionalidade do dispositivo regional. A preocupação é generalizada e tem vindo a ser expressa de forma veemente pelos presidentes das câmaras municipais de Ourique e Moura.
Marcelo Guerreiro, autarca de Ourique, declarou estar “profundamente preocupado com a ausência do helicóptero destinado à base local no âmbito do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais”. Sublinhou ainda que, “em pleno período de risco elevado de incêndio, e numa região com elevada carga combustível e distâncias operacionais significativas, a falta deste meio compromete a capacidade de resposta e a segurança das populações”.
A Câmara Municipal de Ourique já comunicou oficialmente esta situação ao Ministério da Administração Interna (MAI) e à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), mas, até à data, não obteve qualquer resposta ou previsão concreta sobre a chegada do helicóptero.
Em Moura, a situação é idêntica. O presidente da autarquia lamenta o incumprimento da data inicialmente prevista, 15 de maio, para a chegada do helicóptero ao Centro de Meios Aéreos localizado junto à Barragem de Alqueva, onde se encontra instalada a Base Permanente da Força Especial de Proteção Civil. De acordo com informação mais recente recebida pelo município, é “pouco provável” que o meio aéreo venha sequer a ser mobilizado este ano.
Os soldados da paz alertam para o facto de que, a ausência de apoio aéreo reduz consideravelmente a eficácia da resposta inicial aos incêndios, obrigando a uma dependência exclusiva dos meios terrestres. Pedro Santos, adjunto do comando dos Bombeiros Voluntários de Beja, é perentório: “Sempre que há uma redução de meios, como é o caso da falta destes helicópteros, aumenta o risco para as populações e compromete-se a rapidez de resposta.”
As populações locais começam também a manifestar crescente inquietação. Em muitas aldeias e áreas florestais, a memória de incêndios passados está ainda bem presente, o que acentua a exigência por uma resposta adequada das autoridades. Para muitos residentes, a presença de helicópteros não é apenas uma questão de logística, mas de segurança e prevenção de tragédias.
A somar ao descontentamento local está o silêncio do Ministério da Administração Interna, que ainda não se pronunciou publicamente sobre os motivos do atraso nem avançou qualquer nova data para a colocação dos meios aéreos.
Com as temperaturas a ultrapassarem frequentemente os 35 graus e a vegetação a tornar-se cada vez mais seca, os autarcas exigem respostas rápidas e soluções imediatas. Alertam que qualquer falha no dispositivo de combate aos incêndios pode ter consequências dramáticas para as populações, para os bens e ecossistemas da região.
A época crítica de incêndios está à porta e, sem meios aéreos, o distrito de Beja já está a enfrentá-la com preocupante vulnerabilidade.