Fernanda Pereira: Novos e tristes tempos

Há momentos muito estranhos nas nossas vidas. Este é um deles. Vivemos num país em que as eleições tiveram de ser repetidas num círculo eleitoral, porque os boletins não foram corretamente distribuídos e/ou havia dúvidas sobre a identidade dos votantes.  Com este “pequeno problema” as nossas vidas foram adiadas por mais uns meses. Uns meses que nos faziam falta, para colocar em dia a vida que o covid nos roubou durante os dois últimos anos.

Esta vida suspensa desde março de 2020 é das experiências mais estranhas e complexas da vida de cada um de nós. Mas, como se isso não fosse suficiente para nos sentirmos completamente desorientados, eis que o Presidente da Rússia resolve organizar uma operação militar sobre a Ucrânia (nas suas palavras), aos nossos olhos trata-se de uma verdadeira guerra! Tudo isto é tão surreal que nos deixa a pensar, o que mais falta acontecer?

 A minha geração ouviu as histórias dos avós sobre a 1ª guerra, dos tios e pais sobre o que foi ter sido criança durante a 2ª guerra, e, lembra-se do que foi a guerra do Ultramar, essa foi a guerra que nós vivemos, mais ou menos de perto. Alguns dos nossos familiares foram à guerra de África, como se dizia. Também vimos cair o Muro de Berlim e assistimos ao fim da União Soviética, por tudo isto não era expectável que fossemos testemunhas deste momento histórico tão triste.

O digital impera e faz com que vivamos a guerra em direto, a todo o momento se sabe o que se passa nos pontos nevrálgicos do país. A guerra que ninguém reclama como sua, como se de brincadeiras de criança se tratasse, a culpa é do outro, a guerra que faz com “irmãos” se matem por sem razão ou motivo válido, é esta a guerra que o mundo segue como se de uma telenovela se tratasse, em que o herói está definido e o mau da fita também.

Hoje, e após o momento crítico que foi o incêndio numa Central Nuclear, estamos perante um país com algumas cidades destruídas e um povo completamente em fuga para locais mais seguros. A pergunta impõe-se: Quem ganha com isto, ou melhor alguém ganha com isto? Veremos!

Vão ser tempos longos, ainda que curtos, intensamente vividos na velocidade da informação na internet, muito superior à velocidade do som e mesmo da luz, em que as armas são novas e não convencionais. A palavra e a imagem são as principais e com elas qualquer construção pode ser feita e disseminada. Aguardemos as notícias dos próximos dias. Pode ser que surja um lenço branco!!!

Fernanda Pereira

Professora no IPBeja