No passado fim de semana, realizou-se mais uma Feira de Garvão. Este evento, para além do convívio que consegue (r)estabelecer é ainda um retrato vivo de parte do nosso mundo rural. A ligação à pecuária, com uma mostra de gado bovino, suíno, equino, ovino, etc. permite, principalmente aos mais novos, tomar contacto com estes animais. Este evento, mostrando alguma da “modernidade” da nossa sociedade (como é o caso das tecnológicas máquinas agrícolas), mantém o traço castiço e rústico que tão bem caracteriza esta nossa região.
A constante desertificação que atinge o interior do país, nestas regiões “ataca” mais o mundo rural, desprovendo-o de pessoas. Na verdade, o êxodo inicial deixou os montes isolados ao abandono, depois as aldeias e vilas…
A “criação” que os nossos pais e avós tinham no quintal: galinhas, coelhos, até um “cevanito” para engorda, foram desaparecendo das nossas vidas. Muitas das crianças, para verem um frango “com penas”, têm que se deslocar. Sim, também lhe temos que lhes explicar que os ovos vêm das galinhas e o leite das vacas, não apenas das prateleiras do supermercado.
É por isso que são importantes estes momentos: ver um bovino que esteve praticamente desaparecido e que só a “teimosia” de alguns impediu a sua extinção, como é o caso da garvonesa dá-nos mais alento para esta defesa do mundo rural. É precisamente este mundo rural que permite manter estas especificidades, únicas no mundo, como é o caso desta raça autóctone que tem justamente a sua designação, graças a esta Feira. E é de relevar todos os intervenientes que permitem manter este nosso “mundo”, não obstante alguns “pseudo-intelectuais-urbano-depressivos” (de ar estafado como cantavam os UHF…) continuarem a tentar “combater” estas nossas tradições. Sim! Somos diferentes e diversos de outras regiões do nosso país. Sim! Temos especificidades únicas, como é exemplo esta raça autóctone. Sim! Claro que iremos continuar a defender, de forma intransigente, as nossas tradições, ouvindo o “despique” e o “baldão” no nosso mundo rural, que muito nos orgulha e que permite manter um ecossistema agro-silvo-pastoril, único em todo o Globo, o Montado. Continuaremos…
PS: Claro que não me esqueço o importantíssimo papel que a Ovibeja tem na promoção da agro-pecuária. Mas, perdoem-me, Garvão é diferente… Basta o “pozinho vermelho” que se levanta e ajuda a “temperar” o tal franguinho assado, para dar outro “sabor”!!!
Fernando Romba
1º Secretário da CIMBAL