Opinião: José Damião

Sobre o confinamento do ensino
O confinamento atual e o encerramento do ensino em todos os seus níveis nos próximos 15 dias foi uma consequência direta da vontade do governo de aliviar as regras durante a época de Natal. Sabemos bem quais foram as consequências, 14000 infetados diários, 200 mortos por dia em média e a capacidade de testagem no seu limite que já não nos permite detetar com fiabilidade as cadeias de transmissão. No entanto ninguém ainda abordou a principal questão subjacente ao encerramento das atividades letivas, a falta de planeamento antes da 2ª vaga e a impreparação dos responsáveis, sabendo que podíamos a qualquer momento entrar em confinamento.
A experiência do confinamento geral em Março demonstrou claramente as fragilidades do sistema de educação à distância, tais como, equipamentos obsoletos nas escolas ou a completa ausência deles, falta de conetividade das escolas e dos alunos e alunos com poucos recursos que não têm acesso a equipamentos informáticos que lhes permita usufruir do ensino à distância. Essa experiência provou que não estamos preparados para promover ensino à distância de qualidade.
É fundamental utilizarmos estes 15 dias para planear o futuro próximo. Não podemos continuar a navegar à vista e temos de ter a capacidade de trabalhar com os virologistas e tomar as decisões difíceis sem medo. Talvez criar regiões em que as escolas podem trabalhar com aulas presenciais, regiões em que a taxa de contágios é baixa e as cadeias de transmissão estão identificadas e outras que poderão ter de implementar algum tipo de ensino à distância, compensado com algumas matérias em regime presencial como forma de diminuir contactos para diminuir contágios. Não há soluções ideais, mas há uma certeza, não podemos continuar com esta taxa de contágios nem devemos sujeitar os alunos a mais 3 meses de completa ausência de aprendizagens.

José Damião

Vice Presidente da Comissão Política distrital do PSD