Opinião: Mariana Aiveca

NÃO POUPAR À CONTA DAS VÍTIMAS DA CRISE

Há necessidade de prolongar as medidas de confinamento não só para diminuir a

evolução da incidência, mas também para permitir aliviar a pressão dos internamentos

em enfermaria e em cuidados intensivos, têm que se contrapor os apoios sociais para

impedir que as consequências desta crise cavem mais fundo as desigualdades.

O governo que falhou na preparação da 2ª vaga;

Que falhou na abertura do ano letivo;

Que falhou na preparação da 3ª vaga;

Não pode continuar a falhar às pessoas e à economia, porque esta pandemia não está

a afetar toda a gente da mesma forma. Afeta as pessoas mais pobres, mais vulneráveis

e mais desprotegidas de uma forma mais dura, criando mais desemprego e mais

pobreza.

Neste distrito são bem evidentes as situações de aflição em que se encontram muitos

jovens que perderam o emprego e se vêm sem qualquer apoio, muitos idosos que

vivem no mais profundo isolamento, muitas famílias com dificuldade de conciliar o

apoio aos filhos com o trabalho precário ou o teletrabalho.

Ora é perante este cenário que não podemos aceitar que o governo queira poupar á

conta das vítimas da crise.

É inaceitável que tenham ficado por executar no orçamento de 2020 mais de 7 mil

milhões de euros que deveriam ter ido para apoios sociais.

É inaceitável que se criem barreiras no acesso ao subsídio de desemprego, ao apoio

aos trabalhadores precários, aos trabalhadores sazonais.

A urgência não pode ser o cumprimento do défice nem as imposições de Bruxelas.

A urgência só pode ser mais investimento em serviços públicos, na saúde, na resposta

concreta à pandemia, mas também na resposta ao desgaste que ela está a provocar

nomeadamente na área da saúde mental.

A urgência é na educação na criação dos meios necessários ao seu funcionamento

nestes tempos de dificuldade.

O que não se investir agora pagar-se-á, em dobro, no futuro.

Mariana Aiveca

Ex. Deputada do Bloco de Esquerda