Um está deitado, completamente nu, à espera que uns Reis, vindos de longe, lhe tragam presentes. O outro, vindo de longe, anda numa azáfama, vestido de vermelho berrante, a distribuir presentes por toda a gente.
Um diz que ainda é criança e por isso não pode andar por aí a correr dum lado para o outro. O outro diz que é velho e mesmo assim não para.
Um é patrocinado por uma instituição que ele criou há dois mil anos, a Igreja Cristã, mas que não percebe nada de marketing. O outro é patrocinado por uma empresa norte-americana de refrigerantes, cuja marca comercial é mundialmente a mais conhecida.
Um pensava que tinha o monopólio do Natal e confiava que a sua mensagem de paz e amor lhe garantia esse monopólio para sempre. O outro sabia que a concorrência faz parte do mercado e lançou uma mensagem alternativa: oferece bens materiais e receberás bem materiais.
Um diz que é filho de Deus e por isso todos o devem adorar. O outro é pagão, diz que é filho do consumismo e por isso todos o devem adorar.
Um diz que o Natal foi inventado por causa dele. O outro diz que o Natal só passou a ser Natal quando o inventaram a ele.
É este o Natal que temos, ou melhor, são estes os Natais que temos. Que cada umescolha o que quiser ou até uma mistura de ambos. Bom era que todos fossem felizes, tendo paz e amor, mas também os bens materiais necessários para uma vida digna.