As experiências que temos vivido na última década – crise financeira, pandemia e a invasão da Ucrânia pela Rússia, mais recentemente – demonstram à saciedade as nossas fraquezas enquanto país. E refletindo sobre estes factos é percetível que das fraquezas somos incapazes de fazer forças.
Somos assim como pessoas, como região e como país… acentuamos os problemas em vez de potenciar as soluções para os problemas que tão bem conhecemos.
Esta reflexão vem a propósito de muita coisa, mas sobretudo do que tenho lido e ouvido nos últimos dias sobre o caos na saúde, a impotência de um sistema inteiro para servir as pessoas, a ligeireza do governo em anunciar comissões e grupos de trabalho para identificar o que está mais do que identificado e repetir soluções gastas e ineficazes, procurando esconder a incapacidade de agir.
E do que tenho vindo a ler destaco a ideia milagrosa da estratégia. Neste caso a ausência de estratégia, de planeamento e de orientações a longo prazo. Sempre que há um problema, para além das comissões e dos grupos de trabalho a narrativa crítica é a da necessidade de definição de estratégias.
E esgotado o assunto na espuma dos dias as estratégias caiem por terra, deixa de existir a necessidade e regressamos ao normal funcionamento do caos.
Defendo que as estratégias são fundamentais na construção de uma sociedade equilibrada e progressista, mas as estratégias só têm sentido se forem desenvolvidas e executadas. A estratégia da palavra, a retórica do pensamento estratégico como elemento dissuasor da crítica construtiva é exatamente a negação da sua exequibilidade.
Nesta ausência de estratégias, verdadeiras e executáveis, perdem-se as oportunidades e agravam-se os problemas na saúde e em todos os setores.
Jorge Barnabé
Presidente do Observatório do Baixo Alentejo