Opinião: Sónia Calvário

Na geração mais qualificada de sempre, em Portugal, elas estão em maioria: têm mais qualificações académicas e são-lhes reconhecidas competências consideradas essenciais às organizações. Mas a democracia não tem sido capaz de fazer refletir isto no mundo empresarial e no espaço político. São elas que gerem e continuam a ser eles a mandar.

O dia 15 de março de 2019 foi histórico: liderados maioritariamente por jovens raparigas, cerca de 1.600 milhões pessoas, incluindo 20 mil estudantes portugueses, abalaram a geopolítica mundial, em defesa da justiça climática, reclamando uma nova perspetiva sobre o crescimento e desenvolvimento económicos. Em setembro seguinte eram já 4 milhões.

A pandemia colocou a descoberto as fragilidades económicas, laborais, sociais e ambientais. Contudo, assistiu-se a uma substancial redução da poluição atmosférica, a dependência de certos bens de consumo em relação ao exterior foi flagrante e a pobreza energética tornou-se visível. Por outro lado, cresceu a consciencialização da necessidade de ambientes urbanos mais saudáveis, da importância de cadeias curtas entre a produção e o consumo, e bem assim da defesa do produto nacional, nomeadamente o agrícola.

Os estudos apontam para uma íntima relação entre a Pandemia e a destruição ambiental perpetrada pelo Homem.

Urge a adoção efetiva de políticas públicas sustentáveis. Urge gerir.

Beja tem um enorme potencial para ajudar Portugal a reerguer-se: possui um vasto território, excelente localização e clima, em que as novas culturas de regadio, permitem a criação de empresas e indústrias ligadas, direta e indiretamente, à agricultura; tem um património natural, histórico e cultural capaz de voltar a alavancar o setor do turismo de qualidade. E tem um aeroporto. Beja é, porém, a única capital de distrito não servida por rodo e ferrovia rápidas, seguras e dignas.

Gerir a coisa pública como se fosse a nossa casa passaria, sem dúvida, pela aposta no aproveitamento do aeroporto de Beja, e o necessário investimento nos acessos, ou seja, no contexto atual, optar por uma solução muito menos onerosa do que qualquer outra que se insiste em impor ao país.

Teimar no abandono do maior distrito do país anula o quase inexistente poder reivindicativo da região. E significará um falhanço da democracia.

No próximo dia 19 de março está agendada mais uma greve global climática e Beja não é uma das cidades aderentes.

Sónia Calvário

Vereadora da CDU na Câmara Municipal de Beja